quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sistema de Classificação de Subgrupos para a Dor Lombar, Facilitando a Abordagem Fisioterapêutica


Dados sugerem que após um episódio de dor lombar, o problema persiste e pode demorar até 1 ano para o paciente se recuperar totalmente, sendo comum a reincidiva da lombalgia. Provavelmente porque a maioria das disfunções da coluna é a conseqüência de microtraumas cumulativos, devido as alterações posturais, conseqüente falta de estabilização e aos padrões adotados de movimentos da coluna.

Enquanto os fatores que contribuem para as estratégias de movimento utilizadas pelo paciente não forem modificadas, a dor lombar irá persistir ou retornar. Essas deficiências deixam de se instalar quando a coluna funciona corretamente, graças ao controle e ao suporte isométrico equilibrado que lhes são conferidos pela musculatura do tronco.

O alinhamento da coluna afeta as forças que atuam sobre ela, assim como o grau de atividade muscular. A restrição da mobilidade de uma parte da coluna leva ao aumento dos movimentos de outra parte da coluna.

Devido a isso, a maioria das disfunções da coluna deve-se ao excesso de flexibilidade em determinados segmentos. A diminuição da flexibilidade de alguns segmentos contribui invariavelmente para a mobilidade compensatória na região de maior mobilidade, no caso a coluna lombar.

Apesar do alto custo associado com o comportamento dos sintomas e freqüentes reincidivas da dor lombar, ainda existem poucas evidências sobre o assunto.
Alguns autores sugerem que a falta de evidências existe devido aos estudos sobre dor lombar utilizarem grupos heterogêneos, se fazendo necessário um sistema de classificação mais homogêneo.

Essa necessidade de classificar pacientes com dor lombar em subgrupos homogêneos tem recebida muita atenção na literatura recente, facilitando a abordagem do tratamento.  

Até a presente data, nenhum sistema de classificação foi considerado aplicável em todos os pacientes com dor lombar, sendo ainda necessárias mais pesquisas sobre o assunto.

Um sistema de classificação de dor lombar é das Síndromes de Disfunção dos Movimentos (SDM), descrito pela S.A. Sahrmann. 

O SDM possui 5 subgrupos relacionados a dor lombar que são consideradas as mais encontradas na prática clinica.  As categorias são denominadas baseadas na postura ou na direção do movimento que costumam provocar os sintomas.  As categorias são: flexão, extensão, rotação e as combinações, flexão com rotação e extensão com rotação, sendo esta última a mais encontrada, segundo Sahrmann.

A avaliação para identificar as disfunções mecânicas que contribuem para a lombalgia do paciente, inclui testes de movimentos ativos e testes de alinhamento postural nos quais os sintomas são provocados. O objetivo dos testes é identificar os movimentos do tronco e dos membros que provocam ou reduzem os sintomas do paciente.

Baseado nos resultados dos testes, o programa de tratamento pode ser construído, objetivando os testes que reduzem os sintomas do paciente e os testes provocativos, corrigidos. Abaixo eu descrevo um teste e seu teste corretivo.

Sarhmann baseia seus tratamentos, principalmente em corrigir os testes que provocaram os sintomas e as disfunções de movimento, ou musculares que facilitam essas disfunções, por exemplo: um paciente com síndrome de extensão, comumente apresenta sintomas durante o teste de flexão de joelho em prono.

Teste - Paciente em prono realizando flexão de joelho, o teste se dá positivo no momento que o paciente aumenta a flexão do joelho, aumentando a lordose lombar e gerando a flexão do quadril, devido ao encurtamento do músculo psoas/reto femoral e da falta de controle dos abdominais para estabilizar a coluna, provocando os sintomas.

- Flexão de joelho em prono
Posição inicial do teste, deitado em prono
Paciente realiza a flexão de joelho
Note a flexão de quadril e o aumento compensatório da lordose lombar



No caso do teste ser positivo, provocar os sintomas no paciente, é realizado o teste corretivo para avaliar se essa disfunção do movimento é responsável pelos sintomas do paciente. O teste corretivo, nesse caso, deve impedir o movimento da coluna lombar e avaliar se os sintomas foram abolidos ou diminuíram, considerando o teste positivo.

Geralmente essas modificações nos testes envolvem: (1) restringir o movimento na coluna lombar, encorajando movimentos da coluna torácica ou dos quadris, ou (2) posicionar a coluna lombar o mais próximo a posição neutra da coluna para executar o movimento. 

Artigo de Referência


Esses achados são importantes, pois eles sugerem que a modificação dos testes sintomáticos podem fornecer uma abordagem clínica para identificar os movimentos ou posturas responsáveis pela manutenção dos sintomas do paciente, e auxiliar no tratamento deste paciente com dor lombar.


A teoria no qual se baseia a SDM é que a dor lombar do paciente se deve a: (1) movimentos do tronco e dos membros que induzem movimentos excessivos da coluna lombar e (2) posturas prolongadas da coluna associadas a uma determinada direção.


Esses movimentos repetitivos e posturas da coluna lombar são o resultado de estratégias de movimentos e posturas adotadas pelo paciente nas suas atividades diárias.


Segundo Sarhammn, essas estratégias de movimento, repetidas, contribuem para modificar o padrão de movimento (extensibilidade e força muscular e o padrão de ativação muscular - controle motor), levando ao padrão disfuncional que poderá gerar microtraumas articulares e nos tecidos, levando aos sintomas do paciente.


Referências:
Sahrmann S. Diagnosis and treatment of movement impairment syndromes. St. Louis, Mo.; London: Mosby; 2002 

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